Segurança é algo primordial em qualquer setor da indústria. Sem ela, as empresas não conseguem se manter competitivas no mercado, tampouco despertam o interesse dos consumidores para os seus produtos.

Você compraria algo de uma fábrica onde os acidentes são recorrentes? Acredito que não, pois atualmente os consumidores estão cada vez mais conectados e, por isso, buscam por informações para saber onde seria o destino correto de seu dinheiro.

Nessa questão gostaria de destacar a indústria das bebidas. Ela é considerada uma das mais seguras do mundo, onde os requisitos de segurança são seguidos à risca, com fiscalização permanente, para que não haja problemas tanto para quem produz as bebidas (os trabalhadores das fábricas, que manuseiam as máquinas do setor produtivo), quanto para quem está consumindo uma bebida, seja ela um refrigerante, uma cerveja, destilados, etc.

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Para se ter uma ideia, a indústria das bebidas precisa seguir normas técnicas rígidas, que garantem a segurança de todos os envolvidos no processo produtivo. Uma delas é a norma que trata do IP (Indice de Proteção) dos equipamentos, no caso das indústrias de bebidas deve ser utilizado o IP69K, que indica um alto índice de proteção idealizado para proteger equipamentos contra condições adversas e/ou extremas (Humidade, corrosão etc.). Ou seja, se o maquinário de uma produtora de bebidas não estiver atendendo a esse índice, certamente não garantirá que os líquidos dentro das garrafas ou latas estarão totalmente livres de contaminações. Algo muito preocupante dentro de um setor que fornece algo que poderá levar problemas de saúde, por exemplo, a quem consumir os produtos.

Além disso, há outra norma que garante a segurança dos processos produtivos do setor, que é a famosa NR-12. Ela determina uma série de procedimentos fundamentais, para tornar o ambiente de trabalho seguro e harmonioso, evitando acidentes.

Mais segurança com normas próprias

Apesar de já seguirem todas as normas existentes no mercado, grandes empresas do setor de bebidas também criaram as suas próprias, que norteiam todos os trabalhos dentro das fábricas, como forma de garantir a segurança. Como são companhias, em sua maioria, vindas da Europa e dos Estados Unidos, onde isso é bem comum, elas acabaram importando essa ideia para as suas unidades brasileiras.

Esses critérios próprios das gigantes do setor se baseiam em normas já seguidas no mercado, como as duas que já citei aqui (IP69 e NR-12), além de outras, como as criadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e a ISO (International Organization for Standardization, ou Organização Internacional de Normalização, em português).

Isso tudo realmente garante um ambiente mais seguro, tanto é que dificilmente ouvimos falar de acidentes graves nas indústrias de bebidas.

E essas empresas sabem que, caso qualquer situação esteja fora das normas, a fiscalização estará sempre atenta. Se numa visita os fiscais encontrarem alguma irregularidade, elas receberão uma notificação e multa, que podem virar uma interdição parcial ou total da fábrica caso a regularização não tenha ocorrido. Isso custa muito para as empresas. Uma máquina consegue envasar 60 mil latas por hora, no caso das cervejarias grandes. Imagine ficar interditada por 24 horas? Seria quase 1,5 milhão de latas que deixariam de ir ao mercado por conta de uma simples desconformidade com as normas técnicas, que já existem há mais de 10 anos.

Portanto, a segurança é um assunto que permeia todos os setores de uma indústria. Desde as máquinas até as pessoas que estão a operando, e chegando, então, ao consumidor final. Ficar desatento a isso pode trazer gastos maiores a quem produz e também pode custar a vida dos trabalhadores, que merecem toda a devida atenção para ajudarem a levar ao mercado um produto seguro e de alta qualidade.

Essa grande preocupação com a segurança faz com que a indústria de bebidas busque por empresas que tenham grande experiência em atender o setor, pois é um grande desafio fazer a interligação das normas técnicas já existentes com as próprias de cada empresa.

*Paulo Henrique Galego Oliveira é engenheiro de aplicações e vendas da Schmersal, multinacional alemã líder mundial em segurança industrial. O profissional é formado em Engenharia Elétrica pela Fundação Educacional de Barretos (FEB) e tem pós-graduação em Gerenciamento de Projetos (Senac) e Engenharia de Segurança do Trabalho (Universidade Candido Mendes). Já atuou com produção e execução de projetos com trilhos eletrificados pré-fabricados, execução e coordenação de serviços voltados a um projeto de cabo óptico OPGW e em projetos de automação e instrumentação. Também fez cursos especializados em segurança de instalações, gestão e motivação de equipes e análise de riscos.